Emprego do sinal indicativo de crase
ACENTO GRAVE (CRASE)
⚠️ CASOS EM QUE A CRASE É PROIBIDA OU FACULTATIVA 1️⃣ Proibida a crase antes de verbo 👉 Motivo: verbo não tem artigo, e a crase só acontece com artigo. Exemplos: Errado: Começou à estudar. ❌ Certo: Começou a estudar. ✅ Errado: Passou à trabalhar cedo. ❌ Certo: Passou a trabalhar cedo. ✅ 2️⃣ Proibida a crase diante de um “a” no singular que precede uma palavra no plural 👉 Porque o artigo é plural (“às”), mas o “a” que vem antes é singular — não há fusão compatível. Exemplos: Errado: Entregou o presente à meninas. ❌ Certo: Entregou o presente a meninas. ✅ Errado: Fez referência à pessoas estranhas. ❌ Certo: Fez referência a pessoas estranhas. ✅ 3️⃣ Proibida a crase antes de pronomes de tratamento 👉 Pronomes de tratamento não admitem artigo feminino, pois são formas fixas de cortesia. Exemplos: Errado: Dirigiu-se à Vossa Excelência. ❌ Certo: Dirigiu-se a Vossa Excelência. ✅ Errado: Entregou o ofício à Vossa Senhoria. ❌ Certo: Entregou o ofício a Vossa Senhoria. ✅ 4️⃣ (Exceção) — Usa-se crase com “senhora” e “senhorita” 👉 Esses aceitam artigo feminino, diferente dos outros pronomes de tratamento. Exemplos: Dirigiu-se à Senhora Maria. ✅ Entregou o bilhete à Senhorita Paula. ✅ 5️⃣ Proibida a crase antes de pronomes pessoais (retos ou oblíquos) 👉 Porque não há artigo feminino antes de pronomes como “ela”, “ele”, “mim”, “ti”, etc. Exemplos: Errado: Entregou o presente à ela. ❌ Certo: Entregou o presente a ela. ✅ Errado: Referiu-se à mim. ❌ Certo: Referiu-se a mim. ✅ 6️⃣ Proibida a crase antes de palavra masculina 👉 Palavras masculinas pedem “ao”, nunca “à”. Exemplos: Errado: Fui à colégio. ❌ Certo: Fui ao colégio. ✅ Errado: Voltou à trabalho. ❌ Certo: Voltou ao trabalho. ✅ 7️⃣ Proibida a crase antes de nomes de lugar que não aceitam artigo 👉 Só há crase se o nome de lugar aceitar artigo feminino. 💡 Exemplos passo a passo ✅ Lugares que aceitam artigo → usa crase Fui à Bahia. → “Voltei da Bahia.” → tem artigo (“da”) → crase. Viajei à França. → “Voltei da França.” → tem artigo → crase. Cheguei à Argentina. → “Voltei da Argentina.” → tem artigo → crase. 🟩 Regra: verbo que exige “a” + nome feminino com artigo = à ❌ Lugares que NÃO aceitam artigo → sem crase Fui a Roma. → “Voltei de Roma.” → sem artigo → sem crase. Voltei a Paris. → “Voltei de Paris.” → sem artigo → sem crase. Cheguei a Londres. → “Voltei de Londres.” → sem artigo → sem crase. 🟥 Regra: verbo que exige “a” + nome sem artigo = a (sem crase) 8️⃣ Proibida a crase antes de pronomes indefinidos 👉 “Alguma”, “qualquer”, “toda”, “certa” etc. não têm artigo definido feminino junto. Exemplos: Errado: Chegou à qualquer hora. ❌ Certo: Chegou a qualquer hora. ✅ Errado: Referiu-se à certa pessoa. ❌ Certo: Referiu-se a certa pessoa. ✅ 9️⃣ Proibida a crase antes de artigos indefinidos 👉 Artigos indefinidos (“uma”, “umas”) não se fundem com a preposição “a”. Exemplos: Errado: Chegou à uma hora. ❌ Certo: Chegou a uma hora. ✅ Errado: Dirigiu-se à umas alunas. ❌ Certo: Dirigiu-se a umas alunas. ✅ 🔟 Antes de nome próprio feminino → crase facultativa 👉 Porque o uso do artigo depende do hábito linguístico (há regiões que usam, outras não). Exemplos: Entreguei o livro a Maria. ✅ Entreguei o livro à Maria. ✅ Ambos corretos — depende do uso. 1️⃣1️⃣ Antes de pronome possessivo feminino → crase facultativa 👉 Porque o artigo pode ou não aparecer antes do possessivo (minha, tua, nossa…). Exemplos: Entreguei a carta a minha mãe. ✅ Entreguei a carta à minha mãe. ✅ Fiz referência a sua irmã. ✅ Fiz referência à sua irmã. ✅
(fcc 2016) I. Em ... presta homenagem às potências dominantes... (1° parágrafo), o sinal indicativo de crase pode ser suprimido excluindo-se também o artigo definido, sem prejuízo para a correção.
Perceba que o artigo é que é opcional e não a preposição, como preposição é "invariável" ela só poderia ficar no singular - caso suprimíssemos o artigo a. Ou seja, a opção proposta pela banca foi: "...homenagem a potências", PODE ISSO ARNALDO? mas é claro que sim.
"... presta homenagem às potências..."
às (as - artigo de potências + a - preposição exigida por homenagear)
assim, se eu tirar o artigo (as), resta o "a" de homenagear =
"... presta homenagem a potências..."
Regra: NÃO OCORRE CRASE EM "a" SINGULAR e "PALAVRAS NO PLURAL".
(fcc 2016)
O museu é considerado um instrumento de neutralização – e talvez o seja de fato. Os objetos que nele se encontram reunidos trazem o testemunho de disputas sociais, de conflitos políticos e religiosos. Muitas obras antigas celebram vitórias militares e conquistas: a maior parte presta homenagem às potências dominantes, suas financiadoras. As obras modernas são, mais genericamente, animadas pelo espírito crítico: elas protestam contra os fatos da realidade, os poderes, o estado das coisas. O museu reúne todas essas manifestações de sentido oposto. Expõe tudo junto em nome de um valor que se presume partilhado por elas: a qualidade artística. Suas diferenças funcionais, suas divergências políticas são apagadas. A violência de que participavam, ou que combatiam, é esquecida. O museu parece assim desempenhar um papel de pacificação social. A guerra das imagens extingue-se na pacificação dos museus.
Todos os objetos reunidos ali têm como princípio o fato de terem sido retirados de seu contexto. Desde então, dois pontos de vista concorrentes são possíveis. De acordo com o primeiro, o museu é por excelência o lugar de advento da Arte enquanto tal, separada de seus pretextos, libertada de suas sujeições. Para o segundo, e pela mesma razão, é um "depósito de despojos". Por um lado, o museu facilita o acesso das obras a um status estético que as exalta. Por outro, as reduz a um destino igualmente estético, mas, desta vez, concebido como um estado letárgico.
A colocação em museu foi descrita e denunciada frequentemente como uma desvitalização do simbólico, e a musealização progressiva dos objetos de uso como outros tantos escândalos sucessivos. Ainda seria preciso perguntar sobre a razão do "escândalo". Para que haja escândalo, é necessário que tenha havido atentado ao sagrado. Diante de cada crítica escandalizada dirigida ao museu, seria interessante desvendar que valor foi previamente sacralizado. A Religião? A Arte? A singularidade absoluta da obra? A Revolta? A Vida autêntica? A integridade do Contexto original? Estranha inversão de perspectiva. Porque, simultaneamente, a crítica mais comum contra o museu apresenta-o como sendo, ele próprio, um órgão de sacralização. O museu, por retirar as obras de sua origem, é realmente "o lugar simbólico onde o trabalho de abstração assume seu caráter mais violento e mais ultrajante". Porém, esse trabalho de abstração e esse efeito de alienação operam em toda parte. É a ação do tempo, conjugada com nossa ilusão da presença mantida e da arte conservada.
(Adaptado de: GALARD, Jean. Beleza Exorbitante. São Paulo, Fap.-Unifesp, 2012, p. 68-71)
Atente para as afirmativas abaixo.
I. Em ... presta homenagem às potências dominantes... (1° parágrafo), o sinal indicativo de crase pode ser suprimido excluindo-se também o artigo definido, sem prejuízo para a correção.
II. O acento em "têm" (2° parágrafo) é de caráter diferencial, em razão da semelhança com a forma singular "tem", diferentemente do acento aplicado a "porém" (3° parágrafo), devido à tonicidade da última sílaba, terminada em "em".
III. Os acentos nos termos "excelência" (2° parágrafo) e "necessário" (3° parágrafo) devem-se à mesma razão.
Está correto o que consta em: I, II e III.
I - Perceba que o artigo é que é opcional e não a preposição, como preposição é "invariável" ela só poderia ficar no singular - caso suprimíssemos o artigo a. Ou seja, a opção proposta pela banca foi: "...homenagem a potências", PODE ISSO ARNALDO? mas é claro que sim.
"... presta homenagem às potências..."
às (as - artigo de potências + a - prepoição exigida por homenagear)
assim, se eu tirar o artigo (as), resta o "a" de homenagear =
"... presta homenagem a potências..."
Regra: NÃO OCORRE CRASE EM "a" SINGULAR e "PALAVRAS NO PLURAL".
II - TÊM (plural) x TEM (singular) - verbo TER -> ACENTO DIFERENCIAL.
PORÉM ->Regrinha: ACENTUAM-SE AS OXÍTONAS TERMINADAS EM: A, E, O (seguidas ou não de S), EM e ENS.
III - EX- CE- LÊN- CIA / NE- CES- SÁ- RIO -> São paroxítonas terminadas em ditongo crescente.
(fcc 2016)
No que se refere ao emprego do acento indicativo de crase e à colocação do pronome, a alternativa que completa corretamente a frase O palestrante deu um conselho... é:
A) à alguns jovens que escutavam-no.
Crase - apresenta erro, pois não há ocorrência de crase antes de pronomes indefinidos; Coloc. pronominal - apresenta erro, pois o pronome relativo "QUE" atrai o pronome oblíquo. B) à estes jovens que o escutavam.
Crase - apresenta erro, pois não há ocorrência de crase antes de pronomes demonstrativos; Coloc. pronominal - correto. C) àqueles jovens que o escutavam
Crase - correto - o termo regente exige preposição (A) e o termo regido (AQUELES) é um pronome demonstrativo admite crase. Coloc. pronominal - correto - o pronome relativo "QUE" atrai o pronome oblíquo. D) à juventude que escutava-o.
Crase - correto; Coloc. pronominal - apresenta erro, pois o pronome relativo "QUE" atrai o pronome oblíquo. E) à uma porção de jovens que o escutava.
Crase - apresenta erro, pois não há crase antes de artigo indefinido; Coloc. pronominal - correto.
