Denotação e conotação

Aspecto Denotação Conotação
Tipo de sentido Literal, real Figurado, simbólico
Uso mais comum Textos informativos, científicos, jurídicos Textos literários, poéticos, publicitários
Intenção Informar, descrever objetivamente Emocionar, sugerir, criar imagens
Exemplo “O coração é um órgão que bombeia sangue.” “Você partiu o meu coração.”

Dica prática para lembrar:
  • Denotação → D de Dicionário (sentido real).
  • Conotação → C de Criatividade (sentido figurado).

 QUESTÕES RESOLVIDAS E COMENTADAS

(funcab 2012) Texto 1:                                                           

         Passe adiante

    Tenho vários DVDs de shows, e houve uma época em que os assistia atenta ou simplesmente deixava rodando como um som ambiente enquanto fazia outras coisas pela casa. Até que os esqueci de vez. Conhecedor do meu acervo, meu irmão outro dia pediu:

    - Posso pegar emprestado uns shows aí da tua coleção?

    Claro!Ele escolheu quatro e levou com ele. E subitamente me deu uma vontade incontrolável de voltar a assistir aqueles shows. Aqueles quatro, não é estranho?

   Logo a vontade passou, mas fiquei com o alerta na cabeça. Me lembrei de uma amiga que uma vez disse que havia comprado um vestido que nunca usara, ele seguia pendurado no guarda-roupa. Um dia ela me mostrou o tal vestido e intimou:

    - Pega pra ti, me faz esse favor. Jamais vou usar.

   Trouxe-o para casa. Muito tempo depois ela me confidenciou, às gargalhadas, que não havia dormido aquela noite. Passou a ver o vestido com outros olhos. Por que ela não dera uma chance a ele?

   Maldita sensação de posse, que faz com que a gente continue apegada ao que deixou de ser relevante. Incluindo relacionamentos.

   Uma outra amiga vivia reclamando do namorado, dizia que eles não tinham mais nada em comum e que ela estava pronta para partir para outra. E porque não partia?

   - Porque não quero deixá-lo dando sopa por aí.

   Como é que é?

  Ela não terminava com o cara porque não queria que ele tivesse outra namorada, dizia que não suportaria. Reconhecia a mesquinhez da sua atitude, mas, depois de tantos anos juntos, ela ainda não se sentia preparada para admitir que ele não seria mais dela.

   DVDs, roupas, amores: claro que não é tudo a mesma coisa, mas o apego irracional se parece. É a velha e surrada história de só darmos valor àquilo que perdemos. Será que existe solução para essa neura? Atribuir ao nosso egoísmo latente talvez seja simplista demais, porém, não encontro outra justificativa que explique essa necessidade de “ter” o que já nem levamos mais em consideração.

  É preciso abrir espaço. Limpara papelada das gavetas, doar sapatos e bolsas que estão mofando, passar adiante livros que jamais iremos abrir. É uma forma de perder peso e convidar a tão almejada “vidanova” para assumir o posto que lhe é devido. Fácil? Bref. Um pedaço da nossa história vai embora junto. Somos feitos - também - de ingressos de shows, recortes de jornal, fotos de formatura, bilhetes de amor.

  Sem falar no medo de não reconhecermos a nós mesmos quando o futuro chegar, de não ter lá na frente emoções tão ricas nos aguardando, de a nostalgia vir a ser mais potente do que a tal “vida nova”.

  Qual é a garantia? Um ano para geladeiras, três anos para carros 0km, cinco anos para apartamentos. Pra vida, não tem. É se desapegar e ver no que dá, ou ficar velando para sempre os cadáveres das vontades que passaram.

(Medeiros , Martha. Revista O Globo, 20/05/2012.)

Assinale a opção em que foi utilizado o sentido denotativo da linguagem.
A) “Reconhecia a mesquinhez da sua atitude [...]”
Mesquinhez é uma característica da palavra atitude. Logo, é DEnotativo = DEverdade.
B) “[„.] não quero deixá-lo dando sopa por aí.”
C) “É a velha e surrada história de só darmos valor [...]”
D) “[...] pronta para partir para outra.”
E) “Passou a ver o vestido com outros olhos.”

(vunesp 2022) Leia o texto, para responder à questão.

Um dia na vida de Adão e Eva

  Para entender nossa natureza, nossa história e nossa psicologia, devemos entrar na cabeça dos nossos ancestrais caçadores-coletores.
   O campo próspero da psicologia evolutiva afirma que muitas de nossas características psicológicas e sociais do presente foram moldadas durante essa longa era pré-agrícola. Ainda hoje, afirmam especialistas da área, nosso cérebro e nossa mente são adaptados para uma vida de caça e coleta. Nossos hábitos alimentares e nossos conflitos são todos consequência do modo como nossa mente de caçadores- -coletores interage com o ambiente pós-industrial de nossos dias, com megacidades, aviões, telefones e computadores. Esse ambiente nos dá mais recursos materiais e vida mais longa do que a desfrutada por qualquer geração anterior, mas também nos faz sentir alienados, deprimidos e pressionados.
   Para entender por quê, apontam os psicólogos evolutivos, precisamos nos aprofundar no mundo de caçadores-coletores que nos moldou, o mundo que, subconscientemente, ainda habitamos.
   Por que, por exemplo, as pessoas se regalam com alimentos altamente calóricos que tão pouco bem fazem a seus corpos? Nas savanas e florestas que caçadores-coletores habitavam, alimentos doces e calóricos eram extremamente raros, e a comida em geral era escassa. Se uma mulher da Idade da Pedra se deparasse com uma árvore repleta de figos, a coisa mais razoável a fazer era ingerir o máximo que pudesse imediatamente, antes que um bando de babuínos comesse tudo. Hoje, podemos morar em apartamentos com geladeiras abarrotadas, mas nosso DNA ainda pensa que estamos em uma savana. É o que nos motiva a comer um pote inteiro de sorvete.

(Yuval Noah Harari. Sapiens: uma breve história da humanidade. 34ª ed. – Porto Alegre, RS: L&PM, 2018. Excerto adaptado)
No contexto de leitura, está empregada em sentido figurado a palavra destacada em:
A) ... nossas características psicológicas e sociais do presente foram moldadas durante essa longa era... (2º parágrafo)
Correto. "Moldado" é adjetivo oriundo do verbo "moldar", que por sua vez remete à ação comum à arte: fazer o molde. Assim sendo, a única palavra destacada que encerra sentido figurado é "moldadas";
B) Esse ambiente nos dá mais recursos materiais e vida mais longa do que a desfrutada por qualquer geração... (2º parágrafo) 
Incorreto. O substantivo "ambiente" fora usado em sentido denotativo, literal;
C) ... são todos consequência do modo como nossa mente de caçadores-coletores interage com o ambiente... (2º parágrafo)
Incorreto. "Interagir" tem sentido literal, denotativo de "relacionar-se";
D) ... as pessoas se regalam com alimentos altamente calóricos que tão pouco bem fazem a seus corpos? (4º parágrafo)
Incorreto. "Regalar-se" é verbo que denota prazer, satisfação. O sentido é literal, denotativo; O que é regalam: Proporcionar prazer a alguém e, de modo especial, oferecer-lhe boa refeição.
E) … devemos entrar na cabeça dos nossos ancestrais caçadores-coletores. (1º parágrafo)
Incorreto. "Ancestrais" é substantivo cujo sentido não escapou à literalidade, denotação.

(cotec 2024) Analise as passagens a seguir, tendo em vista a presença da linguagem conotativa.
I- “Seria sua missão deixar um rastro de cor e beleza na vastidão monocromática da selva urbana?”
II- “É como se um pedaço do céu tivesse se desprendido e decidido dançar entre os carros [...].”
III- Enquanto o trânsito avança a passos lentos, a borboleta mantém o voo solitário, indiferente [...].”
IV- “No turbilhão de concreto e asfalto que é São Paulo, onde a pressa dita o ritmo frenético das horas e os ruídos dos motores abafam qualquer suspiro de natureza [...].”
V- “Mas certamente deixando para trás uma marca indelével da efêmera beleza que pode florescer até nos ambientes mais inóspitos.”
Estão CORRETAS as passagens: I, II, III, IV e V.  
I - rastro de cor e beleza
II - desprendido e dançar
III - Passos lentos
IV - Pressa dita o ritmo frenético
V - beleza florescer

(instituto consulplam 2021) Assinale a alternativa em que a palavra ou expressão assinalada é empregada em sentido conotativo.
A) “Na minha mente vem aquele desejo de passar uma boa impressão e ser cativante para os alunos.” (2º§) 
B) “E sempre antes de clicar no botão ‘publicar’ eu leio atentamente o texto, reviso algumas palavras e ideias.” (2º§) 
C) “Sou professor há 12 anos e, ainda hoje, quando começa uma turma nova, me dá um certo frio na barriga e um pouco de nervosismo.” (2º§) 
D) “Eu passei a olhar para o meu dia a dia e para as minhas atitudes com um olhar bem mais ligado após estudar um pouco esse pensador tão revolucionário.” (5º§)
"olhar mais ligado". Não se liga o olhar na tomada, nem em carregadores, nem aperta um botão para ligar o olhar. Ligado está sendo utilizado no sentido de Olhar atento, ativo. 

(ibade 2022) "O lado ruim é que estamos tão ligados nas nossas vidas on-line, que esquecemos de manter o contato off-line. Não prestamos mais atenção no mundo a nossa volta, não conversamos mais pessoalmente".
No trecho destacado, percebe-se a presença de: 
A) Polissemia.
Incorreta. A polissemia é a característica de um termo que pode assumir diferentes sentidos, em uma relação que extrapola a sinonímia. Não é observado na passagem;
B) Antítese.
Incorreta. A antítese é a figura de linguagem que contrapõe termos de sentidos opostos em um mesmo contexto enunciativo;
C) Conotação. 
Correta. A conotação é o simples uso figurado de um termo, caso da expressão "ligados nas nossas vidas on-line", que indica apego ao convívio desenvolvido na internet, não necessariamente uma "vida";
D) Catarse.
Incorreta. O termo "catarse", cujo significado remonta a conceitos da filosofia, parece ter sido grafada em lugar de catacrese, figura de linguagem consubstanciada na utilização de termos em sentido figurado por ausência de termo próprio;
E) Ambiguidade.
Incorreta. A ambiguidade, ou anfibologia, é a duplicidade de sentidos que uma estrutura pode assumir, normalmente caracterizando vício de linguagem.

(cespe/cebraspe 2003) 
A figura acima mostra uma janela do Word 2002, com um fragmento adaptado do texto Transações virtuais do BB já somam R$ 54,5 bilhões, extraído da Gazeta Mercantil de 3/6/2003. Considerando esse fragmento de texto e o tema nele tratado, o Word 2002 e a janela ilustrada, julgue os itens subseqüentes.

O emprego conotativo de "traduz" (L.13) corresponde ao emprego, também conotativo, de reflete; e ao denotativo de indica. CERTO
Subjetiva: Traduz - Traduzir - Interpreta algo.
Subjetiva: Reflete - Refletir - pensa sobre algo.
Objetiva: Indica - indicar. aponta, mostra, orienta, revela.

(consulplam 2016) 
Um processo direcional na vida

      Quer falemos de uma flor ou de um carvalho, de uma minhoca ou de um belo pássaro, de uma maçã ou de uma pessoa, creio que estaremos certos ao reconhecermos que a vida é um processo ativo, e não passivo. Pouco importa que o estímulo venha de dentro ou de fora, pouco importa que o ambiente seja favorável ou desfavorável. Em qualquer uma dessas condições, os comportamentos de um organismo estarão voltados para a sua manutenção, seu crescimento e sua reprodução. Essa é a própria natureza do processo a que chamamos vida. Esta tendência está em ação em todas as ocasiões. Na verdade, somente a presença ou ausência desse processo direcional total permite-nos dizer se um dado organismo está vivo ou morto.

      A tendência realizadora pode, evidentemente, ser frustrada ou desvirtuada, mas não pode ser destruída sem que se destrua também o organismo. Lembro-me de um episódio da minha meninice, que ilustra essa tendência. A caixa em que armazenávamos nosso suprimento de batatas para o inverno era guardada no porão, vários pés abaixo de uma pequena janela. As condições eram desfavoráveis, mas as batatas começavam a germinar – eram brotos pálidos e brancos, tão diferentes dos rebentos verdes e sadios que as batatas produziam quando plantadas na terra, durante a primavera. Mas esses brotos tristes e esguios cresceram dois ou três pés em busca da luz distante da janela. Em seu crescimento bizarro e vão, esses brotos eram uma expressão desesperada da tendência direcional de que estou falando. Nunca seriam plantas, nunca amadureceriam, nunca realizariam seu verdadeiro potencial. Mas sob as mais adversas circunstâncias, estavam tentando ser uma planta.

      A vida não entregaria os pontos, mesmo que não pudesse florescer. Ao lidar com clientes cujas vidas foram terrivelmente desvirtuadas, ao trabalhar com homens e mulheres nas salas de fundo dos hospitais do Estado, sempre penso nesses brotos de batatas. As condições em que se desenvolveram essas pessoas têm sido tão desfavoráveis que suas vidas quase sempre parecem anormais, distorcidas, pouco humanas. E, no entanto, pode-se confiar que a tendência realizadora está presente nessas pessoas. A chave para entender seu comportamento é a luta em que se empenham para crescer e ser, utilizando-se dos recursos que acreditam ser os disponíveis. Para as pessoas saudáveis, os resultados podem parecer bizarros e inúteis, mas são uma tentativa desesperada da vida para existir. Esta tendência construtiva e poderosa é o alicerce da abordagem centrada na pessoa.

                                (Carl Rogers. Um jeito de ser. São Paulo: E.P.U., 1983.)

De acordo com os sentidos contextuais produzidos pelos vocábulos, é possível realizar diferentes inferências. Diferentemente da denotação, a conotação permite que o significado usual de um vocábulo seja ampliado ou substituído por outro mantendo diferentes relações de acordo com o emprego realizado. Assinale o trecho destacado a seguir que apresenta um exemplo do emprego da linguagem conotativa anteriormente referenciada.
A) “Esta tendência está em ação em todas as ocasiões.” (1º§)
B) “Essa é a própria natureza do processo a que chamamos vida.” (1º§)
C) “Lembro-me de um episódio da minha meninice, que ilustra essa tendência.” (2º§)
D) “As condições eram desfavoráveis, mas as batatas começavam a germinar [...]” (2º§)
E) “Mas esses brotos tristes e esguios cresceram dois ou três pés em busca da luz distante da janela.” (2º§)
"brotos tristes". A personificação ou prosopopeia (português brasileiro) (ou prosopeia ou também propeia, no Brasil) é uma figura de estilo que consiste em atribuir a objetos inanimados ou seres irracionais, sentimentos ou ações próprias dos seres humanos.

(fepese 2016) Assinale a alternativa cuja frase apresenta palavra empregada no sentido conotativo:
A) A meta deles era ler 3 livros por mês.
B) Deve-se manter uma rotina diária de leitura.
C) Evidentemente, as transformações serão mais rápidas no futuro.
D) Os genéricos estão abrindo as portas do mercado farmacêutico.
A expressão “abrindo as portas” não significa literalmente destrancar ou abrir portas físicas. É uma figura de linguagem (metáfora) que significa “criando oportunidades”, “facilitando o acesso”. Ou seja, os medicamentos genéricos estão possibilitando entrada e crescimento no mercado. “Abrindo as portas” = expressão conotativa.
E) Vídeo revela flagrante inédito da corrupção política no Brasil.

(fepese 2016) A alternativa em que o termo sublinhado está empregado no sentido denotativo é:
A) Ela é a flor da minha vida!
B) João era o sol daquela família.
C) Antes do meio-dia entregou a coluna pronta.
Todas as outras alternativas estão no sentido conotativo (sentido figurado). A alternativa C está toda em sentido literal (denotativo).
D) A natureza chorava ante suas perdas irreparáveis.
E) Ao chegar em silêncio, colheu uma revelação surpreendente.

(funrio 2016) uma situação comum até hoje no trânsito, onde os motoristas descarregam toda sorte de frustração. (l. 2-3)
No trecho, uma palavra em sentido conotativo, ou seja, que não está em seu sentido literal, é:
A) trânsito
B) situação
C) motoristas
D) descarregam
No trecho, os motoristas não estão literalmente descarregando algo físico (como uma carga de caminhão).
Eles estão “descarregando frustrações”, ou seja, expressando, extravasando, liberando emoções negativas — um uso metafórico do verbo “descarregar”.
Sentido literal de “descarregar”: tirar a carga de algo (um caminhão, uma mala, uma bateria etc.).
Sentido conotativo usado na frase: liberar sentimentos, colocar para fora as emoções reprimidas.



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